Estou aqui a escrever com uma mão, enquanto com a outra esfrego molho de piri-piri no corpinho. É que já sei que com este texto se vão acender as fogueiras da Santa Inquisição do Geocaching, porque vou ousar violar um dos Mandamentos que sem se perceber bem quando e como, chegaram para ordenar na dita comunidade portuguesa: Não Criticarás! [seguido da ladainha, “porque cada um joga o jogo como quer”].
Assim sendo, enquanto me tempero para a assadela, vou escrever sobre algo que ultimamente me tem revoltado (como não há palavra nos Evangelhos, também conhecidos como Guidelines, então é porque está bem aos olhos da comunidade): o desprezo pela poupança de espaço nos logbooks. Podia até ser, mas no caso não é tanto a piedade pela mancha verde amazónica que me move nesta crónica. É mais o respeito pelo trabalho de quem cria caches e se compromete a assegurar a sua manutenção. O que implica uma deslocação ao local de cada vez que alguém, bem ou mal, reporta o fim de um logbook.
Ora vamos imaginar o botar de uma caixinha num local, digamos, a 30 km da residência, com um logbook lá dentro todo catita, com linhas numeradas, de 1 a 60. Sessenta logs é muito log. Se for bem longe das grandes áreas urbanas (o que aliás aumenta as probabilidades do owner viver bem distanciado da sua cache) é coisa para levar 2 ou 3 anos a esgotar o logbook, e se tudo correr bem, durante esse tempo não é preciso visitar o local para efectuar manutenção. Será?
Seria! Se um número demasiado grande de jogadores não usasse o limitado espaço do papel como se de uma cornucópia mágica se tratasse. No Algarve, vi um logbook com capacidade para 120 entradas, devidamente delimitadas por linhas individuais e até numeradas, ser consumido por apenas quatro logs até à linha 40! E, desta vez, nem foi preciso o recurso ao autocolante. Tudo escrito à mãozinha. Não pensem os mais optimistas que este pessoal usou 10 linhas para um testemunho sentido da experiência. Não, a coisa era mais do género TFTC em letras garrafais, e na diagonal, como se quisesse ter a certeza que o desperdício era maximizado.
Mais recentemente, na minha voltinha anual até Tomar, voltei a reparar no mesmo, mas desta vez o espaço era abusado com o uso do autocolante. Que se usem autocolantes nos logbooks é-me perfeitamente indiferente. Que se usem autocolantes deste tamanho em logbooks destas dimensões, já é uma coisa diferente. A área onde uma pessoa colocou um log, é a que eu necessito para dez dos meus logs. Feitas as contas até às últimas instâncias, comportem-se todos assim, e um owner terá que substituir dez vezes mais logboks. Alguém acha isto bem ou razoável. Eu não.
Hesitei antes de obscurecer a identidade do artista. Mas como é um campeão de números bem conhecido da nossa praça e não pretendendo dirigir um ataque pessoal a alguém com quem nunca tive nenhuma interacção, fica assim. É só para reflexão.
isso é mais naquela de… quando um gajo tem a sorte de encontrar a cache e vai logar, assim que abre o logbook, tauu, fica logo com a imagem do autocolante kingkong que é para saber que determinada pessoa ali esteve e de facto é um campeão de números e que por sua vez ali esteve antes de nós…
esse logbook é um perfeito exemplo de como usar e não usar autocolantes nos logbooks. Temos ali um no topo bem mais modesto e que vá, aceitável, pois dá para escrever ao lado a data e hora…
e a acrescentar a esta história dos autocolantes, é o facto de 99% das pessoas não usar a parte de trás da folha… não vá o nome ficar escondido e depois ninguém vê que ali esteve…
Muito bom.
Tenho ainda a acrescentar outro facto que é o pedido de manutenção, quando os log books nem sequer estão meio gastos.
Aqui há uns tempos recebi um pedido de manutenção numa cache. quando me desloquei lá para fazer a manutenção, verifiquei que do bloco A6 com 100 folhas ainda faltava estrear cerca de 50, isto sem falar nas costas das folhas que estavam intactas. Pressupondo que cada um iria gastar uma página inteira, ainda havia espaço para 150 logs.
Nada que não me tivesse acontecido já… 🙂
Podes sempre responder:
“O logbook é como o papel higiénico!! É para ser usado dos dois lados!!”
eheh!
Mais uma achega e das boas! É um artigo cheio de razão!
Neste caso um autocolante ocupa este espaço mas o normal mesmo são as letras enormes e a Anarquia. Mesmo que o log anterior termine a meio da página e até tenha sido desenhada uma linha para o próximo, muita gente opta por escrever na folha seguinte.
É por isso que eu começo a desfolhar do inicio e se houver espaço para o meu log junto a um de 2007, é lá que fica até porque, como escrevi nas que encontrei hoje, o meu log não ocupa muito espaço, “7-7-2011 Rui D.” em letra mais ou menos legível. 🙂
Tambem não deixa de ser curioso como até ao fim dos blocos os logs ocupam uma folha, já na contracapa cabem várias dezenas!
Olha, olha, desta vez acertaste com o tempero do piripiri, concordo com a critica ao uso desregrado dos logbooks, não só pela trabalheira e custo que dá andar a troca-los amiude, mas também porque se deve ter alguma consciência ecológica, aliás o uso de autocolantes (que para informação de quem os usa, descolam na maior parte das vezes) é tudo menos isso, ocupam bastante espaço, sem falar no material de que são feitos, é claro que também gosto de ler registos interessantes, felizmente ainda há quem escreva coisas interessantes, mas se o proprietário de uma cache determina um espaço máximo por usuário, deve-se respeitar, eu pelo menos faço isso.
É de desatar a escrever em cima dos autocolantes com marcador de feltro…
Já desiti do autocolante no logbook à algum tempo, mas quando o fazia tenha dois tamanhos, (em ambos os casos nada de lençois…), um para logbooks “normais”, outros para as micros que tinha o tamanho suficientemente pequeno para ser colado nos logbooks que normalmente se utilizam nas micros feitas dos nossos famosos containers de rolos fotográficos.
Concordo contigo! Além disso ainda existe aqueles que dizem “Logbook cheio” e um gajo faz 30km para o ir trocar e chega lá, e tem as costas de todas as folhas em branco! Rsrsrsrsrsrsrsrssss
PS: Conhece esse autocolante! 🙂
Eu já usei desse veneno e depois acabei por desistir ao observar uma das minhas caches, pode-se dizer que aprendi à minha custa… Aqui não se trata do cada um cacha como quer, mas sim da parte de deixar os outros cachar também e esses autoclantes não só se tornam incómodos, como por vezes os espertalhões, como não conseguem colar isso no logbook só de um lado, dobram as abas e colam do outro também para ficar bem seguro. Ora multiplicando isto por vários autocolantes temos como resultado um logbook cheio, gordo e curto.
Sugere-se o usp de carimbos 🙂 🙂
Eduardo (papaléguas no geocaching)